
É possível perder dinheiro em investimento em COE? Entenda os riscos e proteções
O Certificado de Operações Estruturadas (COE) é um investimento que tem ganhado espaço entre os brasileiros por prometer unir o melhor de dois mundos: a segurança da renda fixa com o potencial de rentabilidade da renda variável. Porém, apesar da aparência de proteção, muitos investidores ainda se perguntam: é possível perder dinheiro em um investimento em COE?
A resposta depende do tipo de COE contratado e da estrutura do produto. Entender como ele funciona é essencial para evitar surpresas e tomar decisões conscientes.
O que é um COE e como ele funciona
O COE é um produto financeiro criado pelos bancos, que combina diferentes tipos de ativos — como títulos de renda fixa, ações, índices, moedas ou até commodities — em um único investimento. Ele é composto por duas partes principais:
- Parte de proteção (renda fixa): é responsável por garantir, total ou parcialmente, o valor investido no vencimento.
- Parte de performance (renda variável): define o ganho do investidor conforme o desempenho do ativo escolhido, como o índice S&P 500, o dólar ou ações de empresas específicas.
O investidor aplica o dinheiro no COE e aguarda até o vencimento, que pode variar de meses a anos. Durante esse período, o capital fica travado, ou seja, não é possível resgatar antes do prazo, salvo exceções previstas no contrato.
Tipos de COE: o que muda para o investidor
Existem dois tipos principais de COE, e é justamente aqui que está a diferença entre ter perdas ou não:
- COE com capital protegido: garante 100% do valor aplicado no vencimento, independentemente do desempenho do ativo de referência.
- Exemplo: se você investe R$ 10.000 e o índice atrelado cai 30%, você recebe de volta seus R$ 10.000, sem rendimento, mas sem prejuízo.
- COE com capital de risco: não garante a devolução total do investimento. Se o ativo de referência apresentar desempenho negativo, o investidor pode receber menos do que aplicou.
- Exemplo: se o mesmo índice cair 30%, o investidor pode receber apenas R$ 7.000 de volta.
Por isso, nem todo COE é seguro. O nome “estruturado” pode dar a impressão de que há proteção em qualquer situação, mas isso não é verdade.
Quando é possível perder dinheiro em um COE
As perdas acontecem principalmente em três situações:
- COE sem capital protegido: o investidor assume parte do risco do ativo de referência.
- Resgate antecipado: caso o banco permita a venda antes do vencimento, o valor de mercado pode ser menor do que o investido, resultando em prejuízo.
- Custos e tributação: IOF (em prazos menores que 30 dias) e Imposto de Renda sobre os lucros reduzem a rentabilidade líquida, o que pode gerar retorno inferior ao esperado.
Além disso, em casos raros, problemas de liquidez ou de solvência do emissor (geralmente o banco) também podem afetar o recebimento do valor no vencimento.
O papel da proteção no COE
A proteção do COE vem da parcela de renda fixa aplicada em títulos públicos ou privados. Ela é calculada para garantir o valor investido no vencimento, mas depende do tempo e das taxas de juros no momento da emissão.
Por exemplo, se a taxa de juros estiver baixa, o banco precisa aplicar uma parcela maior em renda variável para alcançar a rentabilidade prometida. Isso aumenta o risco e pode reduzir a margem de proteção.
Portanto, a proteção não é automática nem total em todos os casos — é necessário analisar o “termo de estruturação” do produto antes de investir.
Comparando o COE com outros investimentos
Tipo de Investimento | Risco de Perda | Liquidez | Potencial de Ganho |
---|---|---|---|
Poupança | Baixo | Alta | Baixo |
CDB | Baixo | Média | Médio |
Fundos de ações | Alto | Alta | Alto |
COE (com proteção) | Baixo | Baixa | Médio |
COE (sem proteção) | Médio/Alto | Baixa | Médio/Alto |
Como se vê, o COE pode ser uma boa alternativa para quem busca diversificação, mas ele não é indicado para quem precisa de liquidez ou não tolera o risco de rendimento negativo.
Entendendo o cenário de perdas e ganhos
O desempenho do COE está diretamente ligado ao ativo de referência. Isso significa que:
- Se o ativo subir, o investidor pode lucrar mais do que em um investimento tradicional.
- Se o ativo cair, o investidor pode não ganhar nada ou até perder parte do capital, dependendo do tipo de COE.
Por exemplo, um COE atrelado ao dólar pode render bem em momentos de alta da moeda americana, mas ter resultados ruins em períodos de valorização do real.
Esse comportamento híbrido é o que faz o COE ser considerado um produto de “risco moderado” — ele pode gerar lucros interessantes, mas também exige atenção às condições de mercado.
Como evitar surpresas e minimizar riscos
Antes de investir, é fundamental:
- Ler o termo de estruturação: ele detalha o cenário de ganhos e perdas, o tipo de proteção e o ativo de referência.
- Verificar a reputação do emissor: COEs são emitidos por bancos, e o risco de crédito deve ser considerado.
- Avaliar o perfil de investidor: produtos estruturados não são recomendados para quem busca segurança absoluta.
- Consultar o prazo e liquidez: o capital costuma ficar bloqueado até o vencimento.
Além disso, vale comparar o COE com outras opções de investimento com risco e retorno semelhantes, como fundos multimercados ou debêntures incentivadas.
Quando o COE pode ser vantajoso
O COE é especialmente interessante para quem deseja:
- Investir em ativos internacionais sem precisar abrir conta no exterior;
- Ter exposição à bolsa de valores com risco controlado;
- Diversificar a carteira com produtos que unem renda fixa e variável.
Contudo, é importante investir com consciência — sem a ilusão de que o COE é livre de perdas. Em alguns casos, o investidor pode enfrentar perdas pesadas em COE se optar por estruturas arriscadas sem compreender os cenários possíveis.
Conclusão
Sim, é possível perder dinheiro em um investimento em COE, especialmente nos modelos sem proteção de capital. Esse tipo de investimento exige atenção à estrutura, ao emissor e ao ativo de referência.
O COE pode ser uma excelente ferramenta de diversificação e acesso a mercados internacionais, mas não substitui a necessidade de entender os riscos envolvidos. O ideal é analisar cuidadosamente o produto e verificar se ele se encaixa no seu perfil e nos seus objetivos financeiros antes de investir.